A Lua aqui tão perto
Hoje à noite teremos uma Lua cheia muito especial, não apenas por ser a maior dos últimos 18 anos, mas também porque neste século só haverá 20 super-luas cheias semelhantes a esta. É uma oportunidade única para passarmos a noite em branco.
(Apesar de apelidada de 'super-lua', os especialistas afirmam que as pessoas terão de olhar com atenção para conseguirem ver a diferença de 0,3 por cento no tamanho da Lua. Esta é a primeira vez, desde 19 de Janeiro de 1992, que a Lua se aproximou tanto da Terra.)
Hoje à noite teremos uma Lua cheia muito especial, não apenas por ser a maior desde 1993, mas também porque no século XXI só haverá 20 super-luas cheias semelhantes a esta, entre um total de 245.
Será uma noite deslumbrante, clara, límpida, plena, com um romantismo também muito especial, até porque coincide com o início da primavera. Enfim, é uma oportunidade única para passarmos a noite em branco. E em boa companhia...
Afinal de contas, a Lua é um dos maiores satélites naturais do nosso Sistema Solar, é a principal responsável pelas marés, e a tendência de os oceanos acompanharem o movimento da sua órbita atrasa em 0,002 segundo por século o movimento de rotação da Terra.
Filha da Terra
Parece uma ninharia, mas é por essa razão que a Lua se afasta do nosso planeta três centímetros por ano, em média. Apesar disso, é uma verdadeira filha da Terra, pelo menos a acreditar na teoria científica com mais adeptos.
Essa teoria, conhecida por Big Splash, diz que havia um planeta chamado Theia, com a dimensão de Marte, que no início da formação da Terra, há mais de quatro mil milhões de anos, chocou com ela, desintegrou-se e espalhou pelo espaço enormes pedaços de rocha no estado líquido.
Estes pedaços, parecidos com os asteroides que circulam entre Marte e Júpiter, foram-se juntando pouco a pouco, por ação da força de gravidade da Terra, e acabaram por formar o nosso único e romântico satélite natural, que nos acompanha sempre na nossa viagem pelo cosmos.
18 anos depois
Na última vez em que a Lua esteve tão perto da Terra como estará hoje à noite, Bill Clinton tinha apenas dois meses como Presidente dos EUA. Enfim, parece que foi há muito tempo, porque depois de Clinton já tivemos George W. Bush e Barack Obama à frente dos destinos da maior potência do planeta.
De acordo com David Luz, investigador do Observatório Astronómico de Lisboa, o perigeu da Lua (o ponto mais próximo da Terra, que sucede a cada 27,3 dias) atingirá o seu valor mais baixo desde o mínimo histórico de 8 de março de 1993.
"Isto sucede pela ação de outros astros, que influenciam a órbita da Lua", refere o astrónomo. Na prática, a Lua estará cerca de 6500 km mais perto, já que o valor médio do perigeu é cerca de 363 mil quilómetros.
Uma benesse para os astrónomos a observarem melhor, porque para além da Terra, a Lua é o único astro cuja geologia conhecemos em detalhe. Não apenas por estar tão perto de nós, mas também porque já deixámos as nossas pegadas no seu solo poeirento.
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As razões da Lua super-cheia....
Sábado vamos poder ver a maior lua cheia dos últimos 18 anos
O mundo vai poder observar a maior lua cheia das últimas duas décadas no próximo sábado. Como é véspera de equinócio, quem paga é a Páscoa, que se vê este ano empurrada para mais tarde no calendário.
No dia 19 de março, a lua vai parecer invulgarmente maior, porque vai ficar tão próxima da Terra como não acontecia há 18 anos, explicou à Lusa Rui Jorge Agostinho, diretor do Observatório Astronómico de Lisboa (OAL).
O fenómeno de aproximação da lua à Terra é designado perigeu (oposto ao apogeu , quando está mais afastada), explica-se por a órbita deste satélite não ser circular, mas elíptica, e não é invulgar, acontecendo todos os anos.
O que acontece de extraordinário este ano é explicado pelo astrónomo: "A forma da elipse, a excentricidade da elipse, varia periodicamente, às vezes é mais alongada, outras mais curta. Alguns dos perigeus que ocorrem sucessivamente são mais próximos do que outros".
"A coincidência é haver um perigeu desses muito próximos e que também coincide com a lua cheia, e isso dá uma lua maior do que o habitual", acrescentou.
4000 quilómetros mais próxima
Nelma Silva, do núcleo de divulgação do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto , especificou que este perigeu vai fazer com que a lua esteja a cerca de 356 mil quilómetros da Terra, enquanto que em média está à volta dos 360 mil quilómetros de distância.
Isto equivale a dizer que a lua se aproximará da Terra cerca de quatro mil quilómetros, sendo 12% maior, à vista humana, especificou.
Mas os fenómenos astronómicos do próximo fim-de-semana não se ficam por aqui: no domingo há o equinócio da primavera , dia que marca a mudança da estação e em que o dia e a noite têm exatamente a mesma duração.
Mas esta coincidência temporal não tem qualquer consequência a não ser atrasar o domingo de Páscoa.
Como explicou Nelma Silva, a Páscoa é um feriado católico, mas a data é calculada em função da astronomia: celebra-se no primeiro domingo a seguir à primeira lua cheia após o equinócio.
Uma vez que este ano há uma lua cheia imediatamente antes do equinócio, há que esperar pela próxima lua cheia e pelo domingo que se segue.
O mito das catástrofes naturais
Quanto à influência que a aproximação da lua pode ter sobre a Terra, designadamente desencadear catástrofes naturais, como se tem especulado ao longo dos anos, os cientistas afastam completamente essa hipótese.
Segundo David Luz, investigador do Centro de Astronomia e Astrofísica, do OAL, a lua exerce influência sobre as marés.
"Haverá uma amplitude das marés ligeiramente maior. Por exemplo, no porto de Lisboa o Instituto Hidrográfico prevê para a altura da praia-mar 4,27 metros e baixa-mar de 0,20 metros, enquanto na lua cheia precedente as alturas foram de 4,21 e 0,12 metros", afirmou.
Apenas isso e nada de sismos, já que o "comportamento da Terra depende do movimento das placas tectónicas, que por sua vez depende do movimento do magma no interior da Terra. São fenómenos muito lentos e independentes do movimento da lua em torno da Terra".
Existe, contudo, uma correlação documentada entre as atividades humanas (explosões em pedreiras, perfuração petrolífera, grandes obras) e a sismicidade, assegurou.
"Se admitirmos que as marés podem ter um efeito de desencadear um sismo no caso de existirem fortes tensões acumuladas, então também temos de admitir que as atividades humanas podem ter o mesmo efeito".
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Créditos: Expresso Online
sábado, 19 de março de 2011
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