Não conheço nenhuma mulher da minha geração que não fantasie com o George Clooney e que não sonhe com um homem com sentido de humor. Muitas procuram um pai que as oriente e as proteja, outras um provider que as sustente e lhes pague todos os caprichos, outras ainda apenas um que as ature, mas a maior parte afirma não prescindir de uma companhia com sentido de humor, como se este sentido desse sentido aos outros sentidos da vida em comum de casal.
É verdade que um homem com graça pode tornar-se a melhor das companhias, mas é se não tiver a mania que é engraçado. Os que estão sempre a dizer piadas e que fazem gala em contar anedotas à razão de uma por cada três minutos de convívio podem tornar-se muito cansativos.
Um homem que diz a piada inesperada no momento certo é bem vindo, já o espertinho que tem uma graça na manga para cada situação do dia-a-dia, qual coelho mecanizado que salta da cartola, é uma seca. E dentro desta categoria existem duas subespécies terríveis: o Agradador e o Presumido.
O primeiro é charmoso, melífluo, meloso e graxista; nunca se esquece de comprar trouxas de ovos para os sogros e afirma sempre com grande entusiasmo que o bacalhau ainda está melhor do que no ano anterior. Finge que adora a família da mulher, distribui presentes vistosos por todos os sobrinhos e primos afastados da dita e encara a quadra natalícia como uma missão que deve ser cumprida com zelo e sucesso, ambicionando receber da mulher um bónus no final do ano.
O presumido é aquele tio, primo ou sobrinho que aproveita a época natalícia para se tornar o centro das atenções, monopolizando todas as conversas com o seu tema preferido, o próprio, gabando-se dos seus feitos profissionais ou destilando piadas parvas e fáceis sobre o Governo, o casamento entre homossexuais e a cimeira de Copenhaga. Nem sempre é alto, bonito e espadaúdo, mas acha-se estupendo, o que o faz caminhar de peito inchado e olhar para o próximo de sobrolho ligeiramente levantado, qual fidalgo falido saído directamente de um romance do Eça.
Agradador e Presumido não raro entendem-se às mil maravilhas porque o primeiro identifica o segundo assim que passa a fazer parte de uma nova estrutura familiar, e desde logo aprende a dizer-lhe o que este quer ouvir, criando entre si um forte laço simbiótico que consiste em ‘eu afago o teu o teu ego e tu afagas o meu’, com carinho semelhante aos dos símios quando catam a piolhada uns aos outros.
Na verdade, até há mulheres que aturam tanto uns como os outros, accionando um mecanismo feminino apurado ao longo dos milénios – a negação. Ou seja, elas sabem que eles são insuportáveis, mas fingem que não percebem.
Já eu, que não fantasio com o Clooney, prefiro o strong silent type, que quando abre a boca é para dizer algo pertinente e subtil. Peru, só assado, recheado e no prato, acompanhado com arroz de passas.
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Créditos: Sol onLine / MargaridaRebeloPinto
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
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