terça-feira, 24 de novembro de 2009

Eles andam por aí..... a voar!

Perseguição nos céus

O Expresso passou um dia em missão com a Força Aérea, a bordo de um C-295. A aeronave não respondeu ao controlo aéreo e alterou a rota prevista, sendo escoltada por caças espanhóis, marroquinos e portugueses durante o voo. Tudo não passava de um exercício para testar os meios de prevenção de um possível cenário de pirataria aérea.

http://aeiou.expresso.pt/perseguicao-nos-ceus=f549209

Uma aeronave suspeita sobrevoou espaço aéreo português, espanhol e marroquino sem responder ao controlo de tráfego aéreo, desviando-se da rota prevista. O C-295 da Força Aérea Portuguesa (FAP) foi, por isso, escoltado por caças dos três países até à sua aterragem no Montijo.

O cenário não passava de um exercício coordenado pela FAP, que tinha como objectivo testar os meios de prevenção e resposta em caso de um avião civil ser utilizado como arma num ataque aéreo - exercícios que se passaram a realizar com maior frequência após o 11 de Setembro de 2001, explica o Tenente-Coronel Paulo Gonçalves.

O Expresso acompanhou a equipa da FAP que participou no exercício e observou os acontecimentos a bordo do C-295 que simulou uma aeronave civil. O aparelho descolou de Porto Santo, na ilha da Madeira, às 8 horas; 40 minutos depois abandonou a rota prevista - em vez de se dirigir a Tenerife, sobrevoou as Canárias em direcção à costa de Marrocos.

Avião 'renegade'
Por esta altura, a aeronave portuguesa era considerada de tipo 'renegade' - classificação que é atribuída a um aparelho civil que constitua uma potencial ameaça aérea terrorista. A resposta espanhola demorou cerca de dez minutos, quando um caça F-18 seguiu o avião português, na sua cauda, à distância.

Assim que entrámos em espaço aéreo marroquino, o C-295 passou de imediato a ser escoltado por dois caças F-5, pois os africanos já tinham sido avisados pelo controlo aéreo espanhol, procedimento aliás considerado normal numa situação como esta.

Continuámos a subir a costa marroquina em direcção a Gibraltar e os dois F-5 foram rendidos por dois Mirage F-1, que adoptaram sempre uma escolta de proximidade até a aeronave portuguesa abandonar o espaço aéreo marroquino.

Durante a viagem, que durou cerca de cinco horas e meia, tivemos sempre 'companhia'. À chegada a Gibraltar foi possível avistar, à distância, um caça Eurofighter espanhol. Assim que o C-295 começou a sobrevooar a zona de Faro, dois caças F-16 da FAP seguiram-nos até junto de Sines, onde o exercício foi dado por terminado.

Telefone 'vermelho'
Caso estes acontecimentos não tivessem sido parte de um exercício, a aeronave portuguesa teria sido, certamente, forçada a aterrar pelos caças que a escoltaram. No entanto, se continuasse o comportamento suspeito, seriam feitos os avisos estabelecidos um protocolo escrito entre as entidades aéreas que gerem o espaço aéreo nacional.

Se, mesmo assim, o comportamento suspeito se mantivesse, existe um 'telefone vermelho' na posse do primeiro-ministro de Portugal, e este seria contactado pelo Comando Aéreo da FAP e questionado sobre qual o destino a dar uma aeronave que tenha um comportamento hostil. Só ele, no nosso país, pode dar ordem de abate a uma aeronave civil, explica o Tenente-Coronel Paulo Gonçalves.

Iniciativa 5+5
O exercício foi realizado no dia 11 de Novembro, no âmbito da Iniciativa 5+5, que engloba os países da margem norte e sul do Mediterrâneo: Portugal, Espanha, Marrocos, França, Itália, Mauritânia, Tunísia, Argélia, Malta e Líbia.

A Força Aérea Portuguesa coordenou o cenário "Este" do exercício, sobre o Oceano Atlântico, enquanto ao mesmo tempo se realizava, sobre o Mar Mediterrâneo, o cenário "Oeste" da missão, com outros países envolvidos.
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Créditos: Expresso Online

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