Portugal - Primeira quinzena de Agosto esteve mais quente quatro graus (DD)
O território continental registou de 1 a 15 de Agosto uma média da temperatura máxima do ar de 32,8 graus centígrados, «uma anomalia de mais quatro graus» relativamente ao valor normal mensal de 1971-2000 (28,8ºC)», segundo o Instituto de Meteorologia.
Clima: A culpa não é (só) das alterações climáticas
Uma intensa onda de calor na Rússia. Chuvas intensas no Paquistão que causaram as piores inundações dos últimos 80 anos. Situação idêntica a ter lugar em alguns pontos da China. A culpa é do aquecimento global? Talvez, dizem os especialistas.
Os russos aguardam ansiosamente a chuva. Depois de tantos dias com um calor improvável para esta época do ano, e que acabou por dar origem a fortes incêndios e a causar danos na produção agrícola, a “dança da chuva” irá provavelmente ter efeitos. Ou não tivesse sido já anunciado “o último dia de calor” no país, pelos meteorologistas.
No Paquistão o saldo dos efeitos das fortes chuvas está para além do negativo. Mais de 1500 mortos e cerca de 20 milhões de afectados pelas inundações são, para já, os dados finais. Uma situação que levou o Ministro dos Negócios Estrangeiros do Paquistão a afirmar: “As alterações climáticas, com a sua inclemência e imprevisibilidade, tornaram-se uma realidade para 170 milhões de paquistaneses”.
Mas será que estes acontecimentos extremos a nível meteorológico estão realmente relacionados com as alterações climáticas? Se a ONU não teme afirmar que as cheias no Paquistão são um reflexo “do impacto adverso das alterações climáticas”, os especialistas preferem não colocar todo o peso sobre um só factor, embora não descartem a importância do fenómeno.
A resposta, para os cientistas, é simples. É cientificamente incorrecto relacionar fenómenos desta natureza, e em diferentes pontos do globo, com a mudança de clima. No entanto, como afirmou o director do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (PIAC), “inundações como as que atingiram o Paquistão podem tornar-se mais frequentes e mais intensas no futuro nesta e noutras partes do Mundo.
Correntes de jacto
Os meterologistas apresentam explicações para os fenómenos que assolaram Rússia e Paquistão nas últimas semanas. As culpadas são as correntes de jacto, umas corrrentes estreitas de vento forte, situadas na alta troposfera ou na estratosfera, que circulam para este à volta do globo e que são responsáveis pelo clima em muitas regiões por onde passam.
Especialistas citados pela The Economist, explicam que este ano a actividade dos anti-ciclones no Atlântico provocou correntes de baixa pressão na zona da Europa Central e Ocidental e correntes de alta pressão na Rússia. Uma situação que, ao causar um bloqueio na circulação da atmosfera, acaba por dificultar a formação de nuvens e, consequentemente, a queda de chuva. E é assim que algumas zonas da Rússia acabaram por experienciar temperaturas que só se deviam verificar de quatro em quatro séculos.
De certa forma, como explica o meteorologista Peter Stott, também citado pela The Economist, esta onda de calor pode relacionar-se com as fortes chuvadas sentidas no Paquistão. O especalista ressalta que a situação na Rússia enfraqueceu a corrente de jacto que circula para sul, provocando uma concentração de ar húmido na zona do Paquistão que, em conjunto com o ar frio que chega vindo da Sibéria, resulta em condições favoráveis para o surgimento de tempestades e chuvas fortes.
O relatório do PIAC divulgado em 2007 indica que a ocorrência de queda de chuvas fortes é hoje em dia mais comum do que há 50 anos. Mas este fenómenos, mais uma vez, não são suficientes para os cientistas associarem às alterações climáticas ou ao aquecimento global. Ainda que alguns, como o Professor Brian Hoskins, admitam que num mundo mais frio, estas situações não se verificariam de forma tão extrema.
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Créditos: Sapo Online / Fotos: Net
terça-feira, 24 de agosto de 2010
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