quarta-feira, 1 de julho de 2009

O Dragão das nove e trinta...


Leva uma rica vida o dragão da minha história.

É verde, como dizem que são os dragões, tem escamas que o cobrem de cima a baixo e uma espinha eriçada em dentes de serra, do pescoço ao rabo.

Como se vê, é um dragão vulgar.

Agora imaginem-no, como eu imagino, carregado de meninos.

Imaginar não custa nada.

Nestes dias de Verão, por volta das nove e trinta, passa pela minha rua, deitando muito fumo pelas ventas, o dragão de que vos falo.

Pára nas paragens dos autocarros e para ele sobem os meninos em férias.

Quando estão todos instalados, o dragão buzina alegremente e põe-se a andar.

Não sabiam que os dragões buzinavam?

Pois buzinam, mas só quando estão bem-dispostos.

Com o seu carregamento de meninos, o dragão toma o caminho da praia.

Corre ao lado do comboio, que também leva o mesmo sentido, e quase sempre chega primeiro. Na praia, assim que o último menino salta para a areia, o dragão mete-se dentro de água, faz-se pequenino e transforma-se num hipocampo, isto é, num cavalo-marinho, para poder nadar sem chamar a atenção.

Perder a banhoca é que nunca!

Ao fim da tarde, volta a crescer e a apresentar-se como um dragão aprumado e responsável, que nunca se esquece de que tem de trazer os meninos de volta para casa.

À noite, trabalha na Feira Popular.

Como tem uma bocarra lança-chamas, ocupa-se a assar frangos ou sardinhas.

E, sempre que pode, vai dar uma voltinha no carrossel.

Rica vida!


Créditos: SapoKid
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