sexta-feira, 12 de junho de 2009

A Borboleta Azul


Sabiam que as borboletas azuis ajudam a adormecer????
Sabiam que contar carneiros e ovelhas cheias de lã a saltar obstáculos já faz parte da história e que apenas adormeçemos de cansaço de ter contado tanto rebanho???
Pois é... as borboletas azuis fazem sonhar e para que isso aconteça, precisam de nos por a dormir...
Tenho um sonho de criança: ser maestro de uma grande orquestra.
Sei que comandar uma orquestra é como pilotar um Airbus A380 ou um F17 e neste caso saber a diferença entre um dó e um ré.... coisa que eu não sei...
Mas sonho é sonho e isso é que conta!!
A imaginação não tem limites mesmo quando nos rótulam de sonhadores e líricos...
Por essa razão é que sonho comandar de batuta em risque uma música tipicamente circence onde o público fizesse coro, batendo com as mãos uma na outra.
As borboletas azuis são mágicas, acreditam... e enquanto dormimos elas encarregam-se de concretizar todos os nossos sonhos, por muito impossíveis que sejam.
Dizem que os sonhos são incolores... eu direi que são Anil!!

Pedra Filosofal
Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

António Gedeão- In Movimento Perpétuo, 1956

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