sexta-feira, 12 de junho de 2009

Tarde p'ra partir... cedo p'ra chegar!!!

E aí está....
Pela rua mais estreita, levo o meu partir!
Na despedida, apenas um frio e denso nevoeiro que que comprime o peito sempre que respiro...
O amanhecer não quer despedidas e ainda permanece para oriente. A estrela do norte também já deixou a esfera celeste, certamente por ciúmes, pois o cruzeiro do sul vai reinar por uns tempos.
A Lua, essa, há muito que desapareceu... Certamente a espalhar luar noutras latitudes e a procurar o brilho que lhe tiraram! Sempre pensei que aparecesse para o último olhar, mas.......
Um gato castanho claro, pousa sobre um muro e olha intrigado, acompanhado o meu passar. Na volta da estrada reparo pelo canto do olho que já não lhe causo mais atenção pois limpa as patas com a língua enquanto espera pacientemente pela primeira presa da manhã.
Concentro-me nas horas e no peso do saco que me vinca o ombro... Parece que transporto num simples saco o peso de todo o mundo ... mas pensando bem, levo a minha vida comigo e por muito leve que seja, deixa marcas onde passa. Só que evitava era esta agora no ombro...
Inspiro mais uma vez e avanço.... Não olharei para trás, pois sei que atrás ninguém está... Sei de cor a paisagem que não quero rever; sei a paisagem que quero levar e essa está bem gravada.
Escuto o eco dos meus passos, cada vez mais convictos e determinados em sair deste lugar. Nestas ocasiões o coração fraqueja e a coragem inicial foi corroída pelo tempo de espera. È pois tempo de provar que ainda te resta um pingo de valentia e abrir trilhos que o nevoeiro teima em esconder.

Quando alguém se torna fado, é sempre um alívio saber que partiu: é mais fácil conviver com a distância do que tropeçar com a sombra em cada esquina do dia.
Por outro lado é bastante aborrecido, (chato, diria mesmo utilizando o calão) ter que se mudar os hábitos e proferir conversa de circunstância sempre que alguém que já não pertence à nossa rua, se atravessa à frente transportando teimosamente crenças que já nada nos dizem.


Cada passo em frente, aumenta a distância e encurta a dor. A distância, para além de fomentar o esquecimento, justificará sem qualquer dificuldade decisões préviamente tomadas e ausências assumidas.
Tenho a certeza que já é tarde demais para partir.... e a certeza também que é demasiado cedo para voltar.

Quer parta, quer não parta, será sempre tarde e sempre cedo!!

1 comentário:

Daniela disse...

adorei este texto, adorei.
adorei também o ultimo comentário que me fez. levou-me lágrimas aos olhos.
muito obrigada :) *